sábado, 23 de abril de 2011

PROBLEMA DA ÁGUA EM JUNCO DO SERIDÓ-PB

O município de Junco do Seridó-PB está passando por um dos maiores problemas hídricos de sua estória, embora os dados pluviométricos não demonstrem a realidade dos fatos. A precipitação pluviométrica até abril de 2011 estava abaixo da média, mas o problema vai bem mais além, com apenas 2 % de sua capacidade o açude que abastece a cidade entrou em colapso, segundo dados da Secretaria de Água e Esgotos do município, dificilmente o abastecimento será garantindo até meados do mês de maio.
O município viveu situação semelhante no fim dos anos 90, na época foram perfurados poços artesianos para minimizar o problema, em parte resolveu, mas o abastecimento só foi regularizado após períodos chuvosos consecutivos.
Nos últimos doze anos nenhuma obra hídrica de relevância foi realizada no município, ficando a cidade a mercê de São Pedro, a adutora Coremas-Sabugi cujo projeto que finalizaria em Junco, não foi concluída, o Governador na época decidiu que o fim da adutora deveria ser Santa Luzia, anos depois foi construída outra adutora agora ligando as cidades de Patos a Assunção, nessa o Junco também ficou de fora, sem adutora, Junco é a única cidade da região que não possui um abastecimento de água de maneira constante.
O ano de 2010 foi pouco chuvoso e este ano (2011) também, devido a isso não foi possível que o açude enchesse, para que o reservatório atenda a demanda da população é necessário que o mesmo sangre todos os anos. O açude foi construído na década de 80 quando a população juncoense não ultrapassava os 3 mil habitantes, com o crescimento populacional e assoreamento do açude, ele ficou pequeno demais para sua demanda.
O serviço de abastecimento de água em Junco é municipal, sendo uma das únicas cidades do país aonde o morador não paga pela conta de água, talvez por isso, tem-se um consumo per capita diário de água superior aos dos ingleses e holandeses. Aproximadamente um milhão de litros de água é consumida diariamente por uma população um pouco inferior aos 7 mil habitantes, significando entorno de 143 litros de água por habitante dia. No Brasil o estado com maior consumo per capita é o Distrito Federal com 225 litros/habitante/dia, seguidos pelos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais com 140 e 125 litros/habitante/dia, respectivamente, nesta ótica Junco do Seridó-PB uma pequena cidade do interior da Paraíba estaria em segundo lugar no ranking nacional, com um consumo de água de países do primeiro mundo.
Junco precisa urgentemente de uma política eficiente de gestão de recursos hídricos que resolva a questão do abastecimento e o desperdício da água, até o momento nada vem sendo feito por parte do Governo do Estado, discutem-se muito sobre a reconstrução da Barragem de Camará, e a falta de água no brejo paraibano, Junco até hoje nem faz parte dessa discussão, o Governo Municipal com poucos recursos disponíveis vem tomando medidas a curto prazo para não deixar o população sem o recurso básico da sobrevivência que é o líquido da vida.
Não sabe-se ao certo como ficará a situação, os poços artesianos não atendem a demanda, nem possuem uma vazão adequada para abastecer a cidade, a solução encontrada pela Secretaria de Água e Esgotos é disponibilizar a água dos poços para que a população carregue em latas d’água, voltando as cenas do século passado, características do semiárido, pessoas carregando água em latas de zinco na cabeça, é o retrocesso do desenvolvimento, mas é única saída que a prefeitura encontrou para não deixar a população totalmente desassistida, a operação Carro Pipa do Governo Federal que já atende a zona rural do município também deverá atender a zona urbana, os procedimentos legais para incluir a cidade já estão sendo encaminhados pela Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (COMDEC) e a Secretaria de Agricultura. Mas é necessário um projeto político que resolva a situação definitivamente, não se pode deixar uma cidade inteira na dependência total das providências divinas, Junco precisa ser incluída em algum projeto de adutora, em linha reta a cidade fica a menos de 10 km da adutora Patos-Assunção, se tiver vontade política por parte do Governo Estadual o problema poderá ser resolvido.

Um comentário:

  1. Parabéns Ailton por levantar um tema de suma importância para a população local.
    Acredito que a solução passa pelo prefeito da cidade, que deve fazer gestão junto ao Governo Estadual.

    JR - Distrito Federal

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