sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A Privataria Tucana e a mídia paulistana



Folha de S.Paulo noticia a privataria tucana e sua ombudsman critica a demora para falar sobre o assunto @Veja @rede_globo

Eduardo Guimarães, Blog da Cidadania

Com toda certeza, os grandes meios de comunicação que ainda não noticiaram ou meramente comentaram o livro A Privataria Tucana devem estar julgando que teria sido melhor a Folha de S.Paulo não ter publicado nada sobre o caso a ter publicado o que publicou em sua edição de quinta-feira, dia 15.

Apesar do constrangimento que causa a “distração” desses órgãos de imprensa que se recusam a divulgar um caso que teriam publicado desde o primeiro instante se fosse sobre outro partido que não o PSDB, já que até as imprensasparaguaia e norte-americana já publicaram matéria sobre o tema enquanto a maioria da imprensa pátria finge que não sabe e que não viu, essa emenda saiu bem pior do que o soneto.

O que a Folha publicou não foi exatamente uma matéria jornalística, pois seu caráter, indubitavelmente, é de defesa do principal acusado pelo livro do jornalista Amaury Ribeiro, José Serra, ainda que, ironicamente, o livro não contenha acusações diretas a ele e sim, e tão-somente, a seus parentes, os quais, do dia para a noite, apareceram como donos de empresas com capital social demilhões de reais.

Antes de prosseguir, a reprodução da matéria do jornal paulista:


Texto e infográfico da matéria da Folha, como se vê, dedicam-se à defesa do acusado pelo livro-bomba, além da defesa que ele mesmo faz de si. Ao se defender, porém, Serra veste a carapuça das denúncias apesar de só envolverem os seus parentes. E faz isso porque se tais denúncias se comprovarem não haverá quem o leve a sério caso diga que “não sabia”.

Mas tratemos do que diz a Folha, já que o conteúdo “requentado” e “sem novidades” ao qual a matéria do jornal alude já está gerando desdobramentos no poder Legislativo e no Judiciário, além de matérias arrasadoras na blogosfera.

O infográfico da matéria é ainda mais parcial do que o texto – ou, pelo menos, mais explícito na parcialidade – porque providenciou uma desculpa para cada acusação a Serra que a mesma matéria diz não existir, como se fosse possível parentes próximos de um político dessa envergadura aparecerem com milhões de reais nas próprias contas, do dia para a noite, sem que ele soubesse.

O leitor poderá se surpreender com a proposta que este blog quer lhe fazer no sentido de que, só de brincadeirinha, dê algum crédito à matéria do jornal da família Frias, aceitando a sua tese sob razão que não é totalmente desprovida de sentido.

Apesar do tom exageradamente favorável ao acusado – devido ao contexto das acusações contidas no livro A Privataria Tucana –, a matéria da Folha lhe concede benefício da dúvida que o jornal, ao lado de veículos como O Globo,Veja ou Estadão – só para ficarmos na imprensa escrita –, não dão a quem sofre acusações análogas à de Serra e não é tucano.

Matéria do Estadão publicada na quarta-feira, dia 14, por exemplo, “denuncia” ligação do governador de Brasília, Agnelo Queiroz, com “laranjas”. E quem seriam tais “laranjas”? Eis a cereja do bolo: são tão parentes do governador petista quanto os acusados pelo livro A Privataria são parentes do ex-governador tucano.

Observe, abaixo, a matéria do outro grande jornal paulista. Este comentário é retomado em seguida.


Reflitamos. Se se admitir esse nível de exigência da Folha para levar em conta uma acusação contra políticos, os ministros do governo Dilma que caíram sob esse tipo de acusação feita de ilações e suposições que o jornal não admite contra Serra, também deveriam ser beneficiados.

Se não se aceita suposição de que Serra sabia que a filha, do dia para a noite, ficou milionária e de que ele, que então estava na linha de frente do processo de privatização do patrimônio público brasileiro, deu uma mãozinha a ela com os poderes que sua posição lhe concedia, por que se deve aceitar suposições de que Antônio Palocci, por exemplo, enriqueceu por algum motivo escuso que ninguém, até hoje, disse qual foi?

Devido ao “princípio civilizatório” de presunção da inocência e do cuidado que se deve ter com a honra alheia, até se pode dar ao ex-governador tucano o benefício da dúvida sobre se ele “sabia” ou “não sabia”. O que não dá para aceitar é que qualquer suposição contra um lado seja considerada prova e contra o outro seja considerada como o que é, suposição.

Mas isso é a imprensa. O problema, o grande problema, o descomunal problema, enfim, o problema inaceitável é se a Justiça agir como a imprensa. Aí será preciso parar este país até que se chegue a um acordo sobre que tipo de democracia é essa em que estamos vivendo, na qual alguns, em tal situação, serão “mais iguais” do que outros perante a lei.


Fonte: blog da dilma

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