sexta-feira, 30 de novembro de 2012

UMA VERGONHA PARA NOSSO ESTADO: Assassinato de negro é maioria na Paraíba


Reportagem na íntegra

Na Paraíba, para cada jovem branco assassinado, morrem proporcionalmente 19 jovens negros. Já em João Pessoa a situação é ainda mais preocupante: para cada branco assassinado, 29 negros são mortos. O crescimento dos homicídios de negros em relação a pessoas brancas foi revelado pelo 'Mapa da Violência - A cor dos homicídios' lançado ontem pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), em Brasília. O estudo mostrou ainda que aprofundou a maneira com que o crime de homicídio atinge pessoas de cor de pele diferentes. O Estado registrou a maior desigualdade do país, atrás dele apareceu Alagoas, onde para cada 18 negros mortos, um branco é vítima de assassinato.
Segundo o estudo, a Paraíba registrou, entre 2002 e 2010, crescimento no número de homicídios de negros de 209%. No mesmo período houve uma queda de 4,1% no número de assassinatos de brancos. No período pesquisado, foram registrados 2.460 assassinatos de pessoas negras, 432 assassinatos ocorreram no primeiro ano pesquisado e 1.335, no último. No mesmo período foram assassinados 142 brancos, 49 em 2002, e 47, em 2010.

O crescimento de mortes de negros na Paraíba foi o terceiro maior do país e junto com a Bahia e o Pará, que aparecem no topo do ranking, mais que triplicou em 2010 os números de 2002. Na Bahia, onde a maioria da população é afro-descendente, foram assassinados 5.069 negros em 2010 - crescimento de 295,4% em relação a 2002, número mais elevado do país, e o Pará teve aumento de 211,8% de homicídios de negros ao registrar 3.312 mortes em 2010 enquanto em 2002 foram cerca de mil mortes.

Por sua vez os Estados de Alagoas, Espírito Santo e Paraíba apresentaram as maiores taxas de homicídios de negros proporcional à população. As taxas foram de 80,5; 65,0 e 60,5 para cada 100 mil negros, respectivamente. A Paraíba novamente aparece na terceira posição no país.

Segundo o autor do estudo, Júlio Jacobo, a proporção de vítimas de homicídio negras em relação à população é altamente preocupante. “Se considerarmos que o Brasil, nesse ano, apresentou uma taxa geral de 27,4 homicídios em 100 mil habitantes e essa taxa foi a quinta maior do mundo entre 90 países pesquisados, teríamos que Alagoas, quanto a homicídios negros, apresenta um índice três vezes maior”, revelou.

Oito Estados brasileiros da federação ultrapassaram a preocupante marca dos 100 homicídios por cada 100 mil jovens negros, pela ordem: Alagoas, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, Mato Grosso, Distrito Federal, Bahia e Pará. Por sua vez, Alagoas e Paraíba foram também as unidades com as menores taxas de homicídio de jovens brancos. Desta contraposição resultam índices absurdos de vitimização de seus jovens negros. Em Alagoas, para cada jovem branco assassinado, morrem proporcionalmente acima de 20 jovens negros. Na Paraíba são 19 por 1.

Entre 2002 e 2010, apenas o Acre (-4%), Pernambuco (-17,3%), Rio de Janeiro (-30,9%) e São Paulo (-61,3%) registraram queda nos índices de homicídios de afro-descendentes.
Sob ponto de vista geográfico, a cidade de João Pessoa é capital com maior taxa de homicídios de negros do país. Em seguida aparecem Maceió (AL), Vitória (ES), Recife (PE), e Salvador (BA).
Segundo o mapa da violência, a vitimização negra na Paraíba e em Alagoas são preocupantes, os dados referentes a suas capitais são ainda mais graves. João Pessoa apresenta uma taxa de homicídios negros de 140,7 para cada 100 mil negros e a de Maceió de 132,6. Já os índices de vitimização negra dessas capitais impressionam: em João Pessoa para cada branco que é assassinado, proporcionalmente morrem 29 negros pela mesma causa. Em Maceió, a proporção é semelhante: para cada branco morrem 26 negros.

A gravidade da situação em João Pessoa e Alagoas pode ser melhor entendida se observarmos que a média nacional de vitimização negra foi de 132,3 em 2010. Mas nas capitais, nesse mesmo ano, a vitimização negra foi quase o duplo que a nacional: 250. Só em uma das capitais do país, Curitiba, a taxa de homicídios de negros foi menor que a dos homicídios brancos.

Contudo, em relação aos 608 municípios brasileiros com mais de 50 mil habitantes, a taxa de homicídios na capital paraibana é a sexta do país, atrás ainda do registrado em Cabedelo (3ª do país). Nessa relação aparecem ainda Patos (23ª posição), Campina Grande (24ª), Santa Rita (26ª) e Bayeux (28).

FONTE: caririfoco.com

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